Exposição de Trabalho - cravos com futuro

“Há muitos, muitos anos, num país muito distante vivia um povo infeliz e solitário, vergado sob o peso de uma misteriosa tristeza.” Assim se inicia o livro de Manuel António Pina, O tesouro, com desenhos de Pedro Proença, publicado por Assírio e Alvim. E, tendo como base a leitura integral desta história, do país das pessoas tristes que “falavam baixo, como se alguma coisa, um segredo terrível, as amedrontasse”. Trouxemos o ambiente vivido antes do 25 de Abril para as aulas de Filosofia para crianças do 4º ano.

Os alunos ficaram a saber (entre outras coisas) que “os meninos do País das Pessoas Tristes não podiam ouvir as músicas, nem ver os filmes, nem ler os livros e as revistas de que gostavam, mas só as músicas, os filmes e os livros que não eram proibidos. Nem sequer podiam beber Coca-Cola, porque a Coca-Cola também era (ninguém sabia porquê) proibida!” E, ficaram a saber que “As raparigas e os rapazes não podiam conversar e conviver uns com os outros e tinham de andar em escolas separadas (…) e os rapazes, quando cresciam, eram mandados para horríveis guerras em países longínquos (…) e muitos deles morriam lá ou regressavam loucos ou estropiados”. E que tudo isto acontecia devido à perda de um enorme tesouro: a liberdade! As pessoas desse país tinham-na perdido, tinha-lhes sido roubada e precisavam de a recuperar.

Então, um dia, foram para a rua e com coragem, alegria, união e cravos conseguiram recuperar esse enorme tesouro. No entanto, os alunos do 4º ano refletiram que este grande bem não está seguro, nunca estará, como se pode constatar pelos acontecimentos recentes em torno do mundo. E perceberam que os guardiões dessa liberdade são eles próprios. Deste modo, foi realizada a exposição com os seus trabalhos “cravos com futuro” Em que os meninos e meninas do último ano do primeiro ciclo refletem sobre o que é a liberdade? Porque é que a liberdade é importante? Porque é que ela é um tesouro? Claro que as suas reflexões envolveram também outras formas de perda e combate pela liberdade e, por isso, tiveram em conta a situação da guerra na Ucrânia e outras ditaduras com as quais tantas pessoas lutam todos os dias por esse mundo fora. Deste modo, esta exposição demonstra também a riqueza das vivências multiculturais no nosso Agrupamento.

Essa exposição de trabalhos poderá ser visitada desde o dia 21 de Abril na Escola Secundária Drª Laura Ayres e estará disponível até dia 5 de maio, convida o visitante a deixar a sua reflexão acerca das mesmas questões. Convite esse que tem estado a ser aceite pelos alunos do ensino secundário de todos os cursos.

As docentes de Filosofia para crianças agradecem a participação e o empenho de todos os alunos e alunas que tornaram esta iniciativa possível, mas não podem esquecer, a colaboração inestimável dos colegas, docentes do primeiro ciclo: Ana Ferreira, Lélia Pinto, Márcio Guerra, Helena Mateus e Maria Passos, pois sem a sua dedicação diária e capacidade de ver em cada criança um futuro, integram e fazem crescer não só as capacidades e conhecimentos mas consistentemente contribuem para a construção de verdadeiros cidadãos conscientes, responsáveis, atentos e interventivos.

Bem-haja o professor que olha o presente, com olhos de futuro!

redação: Maria Isabel Marçalo

revisão: Sara Raposo

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